Diálogo sobre o velho e o novo

AutorArnaldo Ourique
Cargo do AutorLicenciado, Pós-Graduado e Mestre em Direito, Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Páginas200-204
200
DIÁLOGO SOBRE O VELHO E O NOVO (
49)
SÍNTESE: Tem mais virtude quem, provocando dialética, pr ovoca irr itação
e com ela a evolução da autonomia, do que aquele que, sem contradição,
caminha sobre um tapete de flores e ao fechar a porta deixa tudo igua l
como quando entrou. Este não é um sentimento açoriano?
Fixação do assunto: representação da República nos Açores.
Personagens: PICO e SAVANAROLA, homens cultos e de espírito aberto, um da Ilha
do Corvo e outro de S. Jorge; FLORENÇA, do Faial, esposa do primeiro. De visita à
Ilha Terceira, estão os três a conversar na marina d’Angra. Os factos são quase todos
reais. Apenas alterámos os nomes.
FLORENÇA: “Hoje apetecia-me algo de diferente”…
PICO: Olhando para o seu amigo Temos então, nos termos da Constituição, uma
nova nomenclatura: Representante da República!
SAVANAROLA: Vem, novamente, meu caro amigo, com o seu discurso de quem
não aceita que existe de facto um novo cargo que já não é Ministro da República, mas
Representante.
PICO: Perdemos, ambos, tempo a discutir isso. Para si basta a mudança de
nomenclatura, mas para mim isso não basta.
SAVANAROLA: Sabe tão bem como eu que foi alterado mais do que isso, a
competência administrativa quanto aos serviços do Estado na Região. Isso, para mim e
para a maioria dos intelectuais da praça, é substancial…
PICO: Seria assim, efetivamente, se o Representante da República fosse um agente
da autonomia equivalente a um dos órgãos próprios da região. Mas não. Em rigor, a
competência administrativa não era uma questão autonómica mas meramente estadual,
(49) Publicitado em 27-02-2006, como Caderno de Autonomia nº51.

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