Escola: plataforma para o comércio?

AutorMário FROTA

O fenómeno das escolas assediadas pelos operadores económicos que se pretendem assenhorear das suas estruturas como domínio de eleição para a publicidade e a promoção de produtos e serviços, com o fito óbvio de se insinuarem junto das crianças, jovens e adolescentes, revelámo-lo no artigo precedente, onde, para além de uma breve introdução, se abordou a problemática da omnipresença da informática e do florescente mercado que a escola em si mesmo representa.

As Escolas são de per si o exemplo acabado e antitético de uma criteriosa e sã educação alimentar: uma breve análise do que envolve os bufetes e as cantinas permite exuberantes revelações em oposição às regras mais elementares.

No escrito de hoje abordar-se-á o assalto das marcas e dos produtos de marca à escola, a opção entre o menor dos males e a reacção dos europeus conscientes da problemática ora suscitada contra a subversão que o processo em si mesmo encerra.

A cada marca a sua escola

A situação na Europa está ainda afortunadamente longe de ser comparável à dos Estados Unidos, onde, por exemplo, a General Mills tenta convencer os professores a quase pôr o bombom "Gusher" na boca dos alunos. Pela simples razão de que este bombom faz "pssjjt" quando entra em contacto com a língua, o que ajudaria o professor a explicar aos alunos o que é uma fonte termal natural...

Mas há pior: escolas há nos Estados Unidos que recebem, como brinde, material informático destinado a ajudar as crianças a aprender a ler. Entre as primeiras frases que as crianças aprendem, figuram: "I like eating at MacDonald's" e "I like drinking Pepsi".

Toda a gente, aparte os que gravitam no microcosmos da publicidade, está de acordo numa coisa: "é preciso evitar evoluir a todo o custo no sentido do sistema americano. É necessário estar muito vigilante, porque o sistema é introduzido mais facilmente do que se julga".

Em Inglaterra, por exemplo, o "velho MacDonald's", uma tradicional canção popular, já não tem "quinta", mas sim um "restaurante" pela razão simples de que o professor de música beneficiou de uma dádiva de excelente material didáctico. A WestonSuperMare, MacDonald's, fornece mesmo caixas com refeições gratuitas às escolas. E já se adivinha o que nelas se contém: um hamburguer, sem hesitações. Por se tratar de um bairro desfavorecido, onde alguns alunos só levam um Mars e uma CocaCola para a escola, pode dizerse que este hambu...

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