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Ao longo dos nossos já longos anos de escrita sobre temas jurídicos, temos procurado, se calhar sem êxito, dar à redacção uma cor menos cinzenta da que promana do Direito.
Naturalmente, sem qualquer desvio do rigor técnico a que deve presidir este tipo de trabalhos.
E, temos feito esse esforço, salpicando o texto com citações provindas doutras áreas, desde a literatura à arte.
Até porque entendemos que já foi há muito o tempo da compartimentação estanque; hoje tudo é transversal.
Mas, mesmo assim, ainda assim, a cor predominante se não é a cinzenta é, pelo menos, o cinzentão.
Porque são assim os assuntos em que temos de tocar, porque são assim os agentes da justiça, uns ortorrômbicos, frígidos, sem alma e sem coração709 que tendo-se por omniscientes e omnipotentes, não deixam que algo medre num espaço de x metros à sua volta.
É um divórcio irreversível entre dois mundos, quando jamais o deveria ser.
O que vale é a música, é a arte, é a literatura e a poesia.
Quando estavamos a redigir o trabalho que ficou nas páginas anteriores, faleceu Mário Cesariny.710
Pois, é precisamente, deste ímpar e último dos últimos surrealistas, que vos deixo, para amenizar a nossa amarga justiça, o seguinte poema:
Lembra-te que todos os momentos que nos coroaram todas as estradas radiosas que abrimos irão achando sem fim seu ansioso lugar seu botão de florir o horizonte e que dessa procura extenuante e...