Publicidade nas escolas

AutorMaria João Costa
CargoDirecção dos Serviços Pedagógicos da Direcção Regional de Educação do Norte

A instrução e a formação fundem-se sob o termo educação. Não se transmite um saber sem se transmitir ao mesmo tempo uma visão de mundo, arquétipos sociais, valores e fins, construindo indivíduos conformes a ideais. O ponto essencial é a educação da vontade. Forma-se a vontade esclarecendo-a, isto é, formando um juízo. É claro que "formar o juízo" não tem o mesmo significado em todas as épocas e é preciso ver o que isso significa actualmente o sistema educativo actual prevê que a criança procure as respostas por si mesma e reflicta sobre elas; o sistema educativo não deve antecipar os resultados da reflexão, fornecendo prematuramente respostas dogmáticas, deve antes promover o espírito crítico. Pois, se uma criança até aos 12/13 anos revelar ser alguém passivo, acrítico é porque o livre jogo do seu juízo foi impedido. Torna-se necessário retomar esse jogo, já que a verdadeira educação é talvez aquela que transmite o saber mostrando que ele é uma disponibilidade, um instrumento, uma liberdade e não um constrangimento.

Dando por adquirido que a escola é acessível a todos e sendo um dos lugares onde a publicidade se oferece ao olhar das crianças e jovens, ao seu julgamento, surge inevitavelmente um conjunto de questões - problemas: Qual o papel da publicidade na escola? Para que deve servir a publicidade na escola? Poderá a publicidade contribuir para a valorização pessoal?

As questões anteriores não são simplesmente teóricas. Nas escolas portuguesas a publicidade é permitida, dentro dos limites da lei. Já não podemos ocultar a relação entre o mundo da publicidade e o mundo escolar. O ponto crucial consiste em perceber que o que torna a publicidade tão problemática, tão perigosa e tão difícil de vencer é a sobreposição e promoção de interesses particulares em detrimento de algo superior, como a dignidade, a diversidade axiológica e cultural.

Ora, cabe à escola criar as condições pedagógicas necessárias aos alunos para que estes possam, de facto, escolher enquanto cidadãos livres e responsáveis. O papel desta instituição é informar, veicular conhecimentos e desenvolver competências, habilitando as crianças e os jovens a exercer futuramente uma função no aparelho produtivo. Enquanto informadora, a escola, deve despertar a curiosidade para os problemas; enquanto formadora (educativa) deve promover e facilitar a compreensão desses problemas, favorecendo a tomada de consciência e a elaboração de tomadas de decisão.

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