Síntese dos acórdãos publicados na Colectânea de Jurisprudência

STJ, Ano XV, tomo II - 2007

Ano XXXII, tomo II e tomo III - 2007

Abuso de confiança fiscal

Acórdão de 11 de Julho de 2007 Tribunal da Relação do Porto

(Colectânea de Jurisprudência Tomo III Ano XXXII 2007 pp. 219-223)

... Causa de exclusão da punição / Lei penal mais favorável

  1. A exigência de haverem decorrido mais de 90 dias sobre o termo do prazo da entrega da prestação tributária, para que o abuso de confiança fiscal seja punido (introduzida pela redacção que o art.° 95.° da Lei n.° 53-A/2006, de 29 de Dezembro, veio dar ao art.° 105.°, n.° 4, do RGIT), constitui um pressuposto de punibilidade, que não reveste a natureza de condição objectiva de puniblildade.

  2. Do dito art.° 105.°, n.° 4, após sofrer a referida alteração, não decorre, porém, a descriminação dos factos praticados anteriormente em que não houve pagamento.

  3. O art.° 105.°, n.°4, sendo mais favorável ao arguido, pois prevê a possibilidade de este afastar a punição, é de aplicação imediata.

  4. Tal implica que o tribunal, se a administração fiscal o não tiver feito, deve notificar o arguido para efectuar o pagamento da prestação em dívida, acrescida dos juros respectivos e da colma aplicável.

Abuso do direito

Acórdão de 20 de Março de 2007 Tribunal da Relação do Porto

(Colectânea de Jurisprudência Tomo II Ano XXXII 2007 pp. 162-164)

... Nulidade / Mediação imobiliária / Comissão

  1. As mais "elementares exigências do justo" justificam, que, em certos casos e por configurar uma situação de abuso do direito, se afaste a aplicação da nulidade do negócio por vício de forma.

  2. Age, com abuso do direito, quem depois de solicitar e beneficiar dos serviços de mediação imobiliária, como seja a angariação de compradores para um seu apartamento, sem nessa altura porem em causa a validade do respectivo contrato, o façam posteriormente só para se subtraírem ao pagamento da comissão acordada.

  3. Mesmo havendo nulidade do contrato de mediação imobiliária, quem beneficiou desses serviços e na impossibilidade da restituição em espécie do mesmos, constitui-se na obrigação de compensar o correspondente valor desses serviços, sendo aceitável 3% do valor da venda intermediada de um imóvel.

Acção de despejo

Acórdão de 28 de Março de 2007 Tribunal da Relação de Coimbra

(Colectânea de Jurisprudência Tomo II Ano XXXII 2007 pp. 19-21)

... Sanção compulsória por atraso na entrega do locado

O artigo 1045.° n.° 2 do Código Civil estabelece um regime imperativo para a fixação do montante da cláusula penal indemnizatória pela mora na restituição do locado dobro da renda , sendo nula a cláusula que fixa um montante superior.

Acção de despejo

Acórdão de 24 de Maio de 2007 Tribunal da Relação de Lisboa

(Colectânea de Jurisprudência Tomo III Ano XXXII 2007 pp. 94-96)

... Resolução

O NRAU permite ao senhorio resolver o contrato arrendamento por declaração extrajudicial, com fundamento na falta de pagamento de rendas, mas não proíbe que o possa fazer através da interposição de acção declarativa.

Acidente de viação

(Acórdão de 12 de Junho de 2007 Supremo Tribunal de Justiça

(Colectânea de Jurisprudência Tomo II Ano XV 2007 pp. 110-111)

... Fundo de Garantia Automóvel / Sub-rogação / Ilicitude

  1. O responsável pelos danos causados em acidente de viação, por conduzirem excesso de velocidade, um veículo automóvel cujo proprietário não havia efectuado o seguro obrigatório referente ao mesmo, pode ser demandado pelo Fundo de Garantia Automóvel para este ser ressarcido do montante das indemnizações que aquele Fundo fora judicialmente compelido a pagar aos outros intervenientes no acidente e no qual foram lesados.

  2. Não pode o mesmo causador do acidente de mandar as sucessoras do referido proprietário do veículo, para obter delas o que pagou ao FGA, com base no omissão de segurar daquele, por falta de ilicitude desta conduta em relação aos danos peticionados pelo mesmo causador do acidente.

  3. A norma viola da pelo referido proprietário art.° 1.° do Decreto-Lei n.° 522/85, de 31 de Dezembro não visa garantir o interesse do lesante no acidente, mas protege exclusivamente os interesses dos lesados em acidente de viação.

Acidente de viação

(Acórdão de 5 de Julho de 2007 Supremo Tribunal de Justiça

(Colectânea de Jurisprudência Tomo II Ano XV 2007 pp. 141-144)

... Indemnização / Actualização / Juros de mora / Seguro de garagista / Responsabilidade pelo risco / Direcção efectiva

  1. Tendo sido actualizada a indemnização dos danos patrimoniais ou não patrimoniais, de forma expressa ou tácita, ao abrigo do disposto no art.° 562.°, n.° 2, do Código Civil, a concessão de juros de mora incidentes sobre aquela, apenas deve ser efectuada para o período temporal posterior à data da sentença actualizadora, nos termos do art.° 805.°, n.° 3, do mesmo diploma, interpretado restritivamente.

  2. O contrato de seguro de garagista previsto no art.° 2.°, n.° 3, do Decreto-Lei n.° 522/85, de 31 de Dezembro, abrange os danos causados pelo tomador do seguro quando circula com veículos automóveis no âmbito da sua actividade profissional.

  3. Estão assim, em princípio, cobertos por este seguro os danos que o mecânico causa a terceiros na condução dos mesmos veículos, quer na actividade de experimentação daqueles, quer na condução dos mesmos, com vista à sua devolução aos seus donos, após o serviço de reparação.

  4. A actividade do garagista consistente na condução do veículo reparado, com destino à devolução do mesmo ao seu proprietário, é realizada no interesse do mesmo garagista, pelo que este tem, então, a direcção efectiva do mesmo veículo, para os fins do art.° 503.°, n.° 1, do Código Civil.

Acidente de viação

(Acórdão de 5 de Julho de 2007 Supremo Tribunal de Justiça

(Colectânea de Jurisprudência Tomo II Ano XV 2007 pp. 151-154)

... Dano da privação do uso de veículo / Cálculo desse dano / Custo de reparação superior ao valor comercial do veículo

  1. A privação do uso de veículo automóvel em consequência dos danos sofridos em acidente de trânsito, constitui, só por si, um dano patrimonial indemnizável.

  2. Esse dano é avaliável em dinheiro, sendo a medida do dano definida pelo valor que tem no comércio a utilização desse veículo, durante o período em que o dono está dele privado.

  3. A reposição natural só será inadequada quando houver manifesta desproporção entre o interesse do lesado, que deve ser reconstituído, e o custo da reposição natural que o lesante terá que suportar.

  4. Este princípio não pode redundarem benefício do lesante para não restituir o lesado à situação que existiria se não se tivesse verificado a lesão.

  5. Não basta a simples onerosidade da reparação para afastar a reconstituição in natura.

    A restauração natural só é de afastar quando constitua um encargo desmedido e desajustado.

  6. Um veículo usado fica desvalorizado e vale pouco dinheiro, mas, mesmo assim, pode satisfazer as necessidades do dono, enquanto a quantia, por vezes irrisória, referente ao valor comercial, pode não reconstituir a situação que o lesado teria se não fosse o dano.

Acidente de viação

Acórdão de 24 de Maio de 2007 Tribunal da Relação de Évora

(Colectânea de Jurisprudência Tomo III Ano XXXII 2007 pp. 247-249)

... Culpa / Seguro Automóvel / Gabinete Português de Certificado Internacional de Seguro / Privação do uso da viatura

  1. Um condutor de veículo automóvel não é obrigado a prever ou contar com a falta de prudência dos restante utentes da via, devendo razoavelmente partir do pressuposto de que todos cumprem os preceitos regulamentares do trânsito e observam os deveres de cuidado que lhes subjazem.

  2. Uma...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT